Madonna nasceu para nos humilhar, João Bosco para cantar Papel Machê.
Reparou como tem gente que já nasce com objetivos claros?
Marisa Monte nasceu pra fazer tchutchururu, Jabor nasceu pra que a gente o ame e o odeie ao mesmo tempo, Veríssimo nasceu porque alguém tinha que nos descontrair um pouco. Marvin Gaye nasceu pra cantar I heard it through the Grapevine,que por sua vez nasceu para entrar na top 5 list das melhores músicas pra dançar. Axl Rose nasceu pra dar aquela dançadinha meio minhoca ao microfone e Patience e Você é linda nasceram pra gente testar nossa capacidade de assobio. Dicionário nasceu pra gente descobrir, de uma vez por todas, que assovio está errado.
A Aimee Mann nasceu pra compor a trilha sonora de Magnólia, o Tarantino nasceu pra dirigir a Uma Thurman e Pulp Fiction nasceu pra ser um clássico. A Bela Adormecida nasceu pra ter a princesa mais linda, Cinderela nasceu pra ter a fada-madrinha mais maneira. Walt Disney nasceu pra fabricar sonhos, Adidas para os tênis mais duráveis. Chico Science nasceu pra descobrir que uma cerveja antes do almoço é muito bom pra ficar pensando melhor enquanto outro Chico, o Buarque, nasceu pra escrever a canção mundial do recalque (Olhos nos olhos quero ver o que você faz ao sentir que sem você eu passo bem demais...). Michael Jackson nasceu pra virar um cara estranho e pra gente desejar que ele não tivesse ficado assim monstrinho. E Thriller nasceu pra estar na top 5 list de melhores clipes enquanto que Don’t stop til you get enough nasceu pra nos fazer correr para a pista de dança.
George Clooney nasceu pra nos fazer suspirar, e aqui eu citaria um monte de gente que nasceu com essa mesma função como Jonhy Deep, Hugh Grant, Gael Garcia Bernal e tantos outros. Angelina Jolie nasceu pra nos causar inveja e a Natalie Portman nasceu pra ter um dos rostos mais bonitos do mundo. AUdrey Hepburn nasceu pra ser diva. A Dani Carlos nasceu pra ser chata e o Emmerson Nogueira nasceu pra fazer cover. A Mara Maravilha nasceu pra cantar não faz mal eu tô carente mas eu to legal. A nave espacial do Xou da Xuxa nasceu pra gente sonhar dias e noites em entrar dentro dela com a Xuxa cantando Doce Mel.
Algumas pessoas nasceram pra ser cool e dizer iÔgaem vez de iÓga, outras nasceram pra andar de bicicleta sem as mãos. A sede do Cordão da Bola Preta nasceu pra ser o lugar mais quente da Terra, o cinema do Barra Point nasceu pra ser a sala de projeção mais gelada e Copacabana nasceu pra ser o bairro mais democrático.
Teresa Cristina nasceu pra cantar Paulinho da Viola, que nasceu para escrever sambas eternos. Roberto Carlos nasceu pra dividir seu reinado com Elvis. Lennon nasceu (ou morreu?) pra ser mito, Coração Pirata nasceu pra ser uma das músicas mais cafonas já feitas. Sinal de trânsito à noite nasceu pra ser furado, blitz nasceu pra dar medo, carro nasceu pra gente viver enchendo o tanque e gasolina nasceu pra nos deixar falidos. Alice no país das Maravilhas nasceu pra ser um dos desenhos animados mais maravilhosos.
Lápis nasceram pra quebrar a ponta e apontadores nasceram para a mesma função. Crayons nasceram para ter um cheiro delicioso e Bic nasceu pra ser a única caneta que funciona até o final. A Orquestra Imperial nasceu pra ser a banda mais populosa e povoada do Brasil e a Pitty nasceu apenas pra deixar qualquer um irritado. As lâmpadas do meu banheiro nasceram para queimar, o flash da minha câmera para cegar e as luzes do meu quarto para eu nunca saber apaga-las de primeira, dada a quantidade do botõezinhos.
Fotografia digital nasceu pra provar que o filme (ainda) é melhor. Papel vegetal nasceu pra salvar a vida de quem não sabe desenhar. Computador nasceu pra quem não sabe desenhar atestar isso a toda hora. Dinheiro, entre outras coisas, nasceu pra pessoas que não sabem desenhar conseguirem alguém que saiba. Dindi nasceu pra dar vontade de ter um cão com esse nome enquanto bebês nascem pra gente falar ai que fofo!. Tchau, preciso ir nasceu pra ser seguido de ah espera, fica mais um pouco. Ponto final nasceu pra dar fim a gente que nasceu pra só falar besteira.
quarta-feira, março 22, 2006
quinta-feira, março 09, 2006
Não se atrase na volta
E então você virou fantasma que assombra de vez em quando e tudo o que eu queria era te mandar ir à merda e dentro do meu olhar ia ter tanta certeza e tanta raiva que você ia duvidar que fosse verdade, e eu ia duvidar que fosse verdade, e a gente ia ficar se olhando até que um dos dois começasse a se explicar, e é claro que eu ia tomar partido da situação e ia te jogar na cara toda a babaquice que você jogou na minha vida e você ia se defender com unhas e dentes, e talvez você até tivesse razão em vários pontos e eu, manteiga derretida que sou, ia acabar aceitando parte da sua covardia escondida debaixo de todas as desculpas e clichês esfarrapados que iam sair da sua boca linda, boca que eu morro de vontade de beijar e de morder, mas que diante da impossibilidade eu ficaria apenas esperando que você tivesse a mesma vontade de fazer isso com a minha e então ali, com o coração na mão, eu ia ficar, ansiosa, esperando pelo momento em que você fosse se adiantar ao meu desejo e tornar tudo real, o reencontro, o arrependimento, o beijo entremeado por abraços e carinhos no meio dos seus cabelos, no meio dos meus cabelos, e é quando eu volto à tona, quando eu olho bem no fundo dos seus olhos e vejo palavras dissimuladas, vejo um sentimento confuso que corre a cada sinal verde que eu faço , vejo um menino com medo e lembro de todas as vezes em que o meu telefone não tocou com seu nome piscando e de algumas outras em que ele piscou e você pareceu tão maduro, tão seguro, tão feliz em fazer parte das conversas que eu queria ter e mais feliz em me fazer participar das suas novidades, e você era a melhor novidade dos meus dias e eu era a melhor novidade dos seus dias e tudo o que a gente queria era que essa fonte não secasse nunca e você gastava horas dos nossos encontros apenas olhando pra mim como quem olha uma vitrine de doces, com uma fome voraz e suave, salivando e querendo guardar um pedaço do doce, aquela gula saudável e uma vontade de guardar sempre um último pedaço, e você tinha tantos últimos pedaços que eu queria guardar, e nós dois éramos como pratos cheios que nunca são inteiramente devorados e éramos nossos pratos preferidos, até que você jogou sua porção fora e eu fiquei com um quilo de comida nas mãos, uma espécie de arroz sem feijão e ao mesmo tempo que queria quebrar os pratos achava um desperdício tamanho e em algum lugar ainda tinha, ou buscava, a certeza de que você ia voltar e agora aqui parada na sua frente, mesmo que apenas em pensamento, eu procuro em mim essa certeza e quero essa certeza e preciso dessa certeza e da mesma forma como te mandaria ir à merda te mandaria ir à terapia resolver seus problemas e seu pavor de mim, e te pediria, insistiria até, para que você resolvesse me escolher no meio de tantas opções que passam por sua cabeça, e logo depois me daria conta que não se pede a ninguém que te escolha e então me daria uma enorme vontade de correr para o mais longe possível, e de preferência que você fosse levado por alienígenas e não voltasse mais, ou voltasse apenas pra me pedir desculpas, pra reconhecer que foi um estúpido em me deixar e que não suporta pensar no fato de eu estar com outro e eu te diria que não suporto estar com outro e que os outros são apenas uma maneira egoísta e prática de te esquecer mas que de verdade não adianta nada porque a única pessoa com quem eu gostaria de passar os dias é você e que ainda guardo a sua foto e que ainda guardo, além de todo o resto, um resquício do seu cheiro naquele vestido e que não usei mais aquele vestido e você diz que quando pensa em mim me vê naquele vestido e eu pergunto se você realmente pensa em mim, ora, mas que bobagem, é claro que não, já faz tanto tempo e você me aparece assim, no meio da rua, no coração de Ipanema e me pergunta se ta tudo bem, eu respondo ironicamente que ta tudo ótimo ainda mais agora sabendo que você continua vivo e você ri com aquela sua cara irresistível e diz que eu continuo espirituosa e eu deixo escapar uma certa satisfação em ver que você continua reparando em mim e rezo pra que você encontre mais algum detalhe, um anel no meu pé direito, um fio de cabelo fora do lugar, qualquer coisa que evidencie a sua atenção, o seu carinho, qualquer coisa que me retorne a esperança de ouvir você dizer as palavras mágicas, aquelas que eu tanto treinei no seu lugar durante o tempo em que você esteve ausente e acabei decorando o seu discurso imaginário e cada resposta que eu teria pra te dar e agora que você está aqui tão ao meu alcance, tão próximo dos meus suspiros, agora que você está aqui eu não tenho absolutamente nada pra te dizer, não quero te mandar à merda, não quero que você me explique, não quero que você se vá, só quero que você me abrace e me diga que dessa vez você vai ficar, e que bom seria se eu realmente pudesse te mandar ir à merda, porque só assim cara a cara eu poderia te desarmar completamente e te mandar ir passear no meu terreno, na minha casa, na minha vida e só assim cara a cara, eu dispensaria a chance de te mandar tomar no c* pra te beijar mais uma vez.
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