quarta-feira, maio 27, 2015

Diálogos com o sobrinho - vol. 3

Nós repetimos nossos pais, e de repente me peguei falando para meu sobrinho, que naquele dia não queria nada e emendava um "ah não" atrás do outro: “Você sabe o que é ‘anão’? Anão é um sujeito baixinho, que tem pernas e braços curtos. Anão é alguém pequenininho.” 

(Isso ainda é permitido em 2015? Ou ficou politicamente incorreto?)

Horas depois, passeando pela rua, fiz um comentário a respeito de um cachorro que cruzou nosso caminho:

- Ele deve ter 97 anos, Dinda.
- Por que você acha isso?
- Ou 90 anos. Porque ele é grande.
- Os cachorros não vivem tantos anos assim, Bê. E também, alguns cachorros ficam bem velhinhos e continuam pequenos. É diferente. Depende de cada tipo. Alguns crescem bastante, outros continuam pequeninos. Você se lembra do João Caetano, o cachorro da vovó?
- Lembro.
- Ele já era bem velhinho e ainda era pequenininho.  
- Então ele era um anão, né?


quarta-feira, maio 13, 2015

I never can say goodbye


Músicas para ouvir no fim da festa:

1)      There is a light that never goes out, The Smiths

2)    I never can say goodbye, Jackson 5

3)     Turn your lights down low, Bob Marley

4)    I can’t take my eyes off you, na versão Frankie Valli & the Four Seasons

5)     Because the night, Patti Smith


segunda-feira, maio 11, 2015

Dança contemporânea

“Alterne os planos, Julia, dificulte sua vida”, disse a professora, na aula de dança. Fez sentido.


quinta-feira, maio 07, 2015

Maio

Era capaz de atravessar a cidade em bicicleta só para te ver dançar.



E isso

diz muito sobre a minha caixa torácica.

Matilde Campilho, do Jóquei 

C. me entope de sotaques portugueses enquanto luto para respirar neste outono ingrato. Há uma mortandade de mini mosquitos no batente da minha janela, um vizinho do bairro disse que na casa dele também. Tombamentos por toda a parte. Deve ser essa configuração sociopolítica, ela diz. Deve ser. Ou deve ser que a gente queria passar os dias a ler poesia em vez de todo esse calhamaço teórico que ocupa nossas mesas e que eventualmente acaba ficando mesmo soterrado por essas obsessões que só divido com ela e ela comigo.

Tenho vontade, também, de copiar os meus versos preferidos em todos os lugares por onde passo: no espelho do banheiro, na porta da geladeira, na cortina da sala, na mesa de trabalho, no volante do carro, no carrinho do supermercado, nas paredes de M., nos e-mails que envio para os amigos e em toda forma possível de mensagem eletrônica numa tentativa, talvez, de obcecar mais gente.


“Acho que é nesse ponto que a gente mais se encontra, né?”, ela pergunta. Nessas manias e fissuras que a gente têm. Todo dia ela escuta aquele poema, espécie de reza pra quem acredita mais em literatura que em divindades. Todo dia ela queria poder fazer como eles fazem. Todo dia, agora, eu também.