E isso
diz muito sobre a minha caixa torácica.
Matilde Campilho, do Jóquei
C. me entope de sotaques portugueses
enquanto luto para respirar neste outono ingrato. Há uma mortandade de mini
mosquitos no batente da minha janela, um vizinho do bairro disse que na casa
dele também. Tombamentos por toda a parte. Deve ser essa configuração
sociopolítica, ela diz. Deve ser. Ou deve ser que a gente queria passar os dias
a ler poesia em vez de todo esse calhamaço teórico que ocupa nossas mesas e que
eventualmente acaba ficando mesmo soterrado por essas obsessões que só divido
com ela e ela comigo.
Tenho vontade, também, de copiar os
meus versos preferidos em todos os lugares por onde passo: no espelho do banheiro,
na porta da geladeira, na cortina da sala, na mesa de trabalho, no volante do
carro, no carrinho do supermercado, nas paredes de M., nos e-mails que envio
para os amigos e em toda forma possível de mensagem eletrônica numa tentativa,
talvez, de obcecar mais gente.
“Acho que é nesse ponto que a gente
mais se encontra, né?”, ela pergunta. Nessas manias e fissuras que a gente têm.
Todo dia ela escuta aquele poema, espécie de reza pra quem acredita mais em
literatura que em divindades. Todo dia ela queria poder fazer como eles fazem. Todo dia, agora, eu também.
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