terça-feira, janeiro 31, 2012

Achados de verão


Não perguntávamos sobre todos os guarda-chuvas que víamos e muito menos sobre a diferença que havia entre esses guarda-chuvas pretos e o guarda-sol. Não porque quiséssemos fazer papel de bobos, mas porque, se a gente insistisse muito em obter respostas para uma pergunta como esta, corria o risco de transformar uma coisa rara numa coisa banal.

Lloyd Jones em O Sr. Pip (editora Rocco 2007).

Imagine acordar todo dia e não saber onde estão as coisas – bem, foi assim que acabei. Eu estou me queixando? Espero que não. Minha situação não é um sofrimento. É uma frustração. Você se vê sempre chegando atrasado para a piada. As pessoas à sua volta – no ponto do bonde, por exemplo – estão rindo. Do que elas estarão rindo? Você vê seu rosto se transformando para rir também, mas você tem que esperar. Você tem que esperar por uma pista e partir daí. Talvez você ouça alguém dizer: “Eu achei que ela ia pegar o cachorro.” Então havia um cachorro envolvido, o que quer que fosse; agora já é um acontecimento passado. É assim que você existe no mundo. Brincando de pegar. 

Lloyd Jones em Mundos Roubados (editora Rocco 2012). 

Nenhuma luz na minha cara / Mas ouço o grito na medula / Eu tô sozinha nesse palco / Meu peito bate com a guitarra / Ali no solo da guitarra / Eu sinto aplauso e sinto a vaia / Ah, tudo de novo / Ah, olhos da cara / Ninguém canta pra ninguém / Ninguém me dá uma novo dia / Ninguém me mata de alegria / Ninguém faz nada por ninguém / Se o tempo passa feito bicho / E o bicho come o próprio bicho / Me ama logo, pensa bem /Ai, pensa no amor... / Ah, pensa no amor... / Ou não pensa em mais ninguém

Nuno Ramos, pela voz da Dona Inah, no disco do Rômulo Fróes
 

sexta-feira, janeiro 27, 2012

Os biscoitos recheados do meu tempo

No início era o Trakinas, e a gente só tolerava esse tipo de biscoito porque não tinha lá tanto discernimento. Se a gente encarava Cheetos e Fandangos, não era um Trakinas que ia despertar nosso paladar para a sofisticação da indústria alimentícia. Trakinas de chocolate e morango eram ingeridos com a mesma devoção com que comíamos Mirabel na hora do recreio. Ou Deditos. Da seara dos salgados, o biscoitinho de queijo da Piraquê era o meu preferido, e foi só em 2011 que vim a saber que a embalagem deste e de outros produtos da mesma marca foram originalmente desenhados pela Lygia Pape. Se os Tostines vendiam mais porque eram fresquinhos (ou se eram fresquinhos porque vendiam mais -  e eu gastei muito tempo da minha vida tentando solucionar essa equação), os Piraquês vendiam bem porque eram sensacionais, e a Lygia Pape certamente não tinha nada a ver com isso.

Consta em alguma parte das minhas memórias afetivas que os biscoitos São Luís também tinham seu lugar na merendeira, mas confesso que deles, basicamente, só lembro do jingle: "São Luís Nestlé, qualidade em biscooooitos!" O jingle do Passatempo, por sua vez, poderia ter-nos feito desistir pra todo o sempre de engulir tal massa. Mas o gosto e a nostalgia prevaleceram, e volta e meia compro um pacote de Passatempo recheado no camelô da esquina, só pra voltar a ser criança durante 7 ou 8 mordidas num dia qualquer às 4 da tarde.

Depois de tantos preâmbulos, cheguemos, pois, ao ponto: oOreo, o Negresco e o Bono, ou o que correponderia ao “The good, the bad and the ugly” na gôndola do supermercado.

O Oreo é certamente o único biscoito que faz frente aos biscoitos da minha avó, que já receberam excessivas loas neste blogue. A crocância do Oreo, a cor, o sabor, a brancura do recheio, tudo numa rodelinha de Oreo demonstra a que ponto a humanidade pode se aperfeiçoar e provocar o deleite alheio. Empanturrar-se de açúcar e gorduras trans nunca foi tão justificado quanto quando havia Oreo. Quando estávamos convencidos de que nada podia ser mais alentador que o Oreo, eis que surge o Oreo banhado.

O Oreo banhado, confesso, despertou o egoísmo e a ganância de muitos, afinal, a caixa continha apenas seis bolachas, todas envoltas numa capa de chocolate. Estava aí: o sublime. Nem cinema, nem literatura, nem Chopin, nem religião. Oreos banhados.

Quando os Oreos sumiram dessa terra tropical, meu mundo caiu. Eu, que a essa altura já sofria de abstinência das bolinhas de queijo, tive que encarar mais um luto comestível. E tal qual se dava nos bares, onde eu tentava decifrar a poesia de um bolinho de bacalhau, eu buscava em Negrescos e Bonos a felicidade que nenhum dos dois me daria. Eventualmente recorria ao Chocookie de baunilha, que não tinha nada a ver com a história, mas que passou a ser a melhor opção na tentativa de preencher o buraco do Oreo, que, cá entre nós, passou a ser existencial. O mundo nunca fez muito sentido pra mim. Tudo ficava ainda mais abstrato diante de absurdos como a extinção do Oreo.

O tema Oreo virou quase um tabu para mim. Era melhor não falar sobre o assunto, era melhor não pensar sobre isso, e em hipótese alguma discutir com alguém o sumiço do biscoito. Mas a verdade um dia vem à tona, especialmente quando impulsionada por cerveja, e foi numa mesa de bar (sem bolinhas de queijo), no apagar das luzes de 2011, que confessei a uns e outros a minha dor. Para meu espanto, a solidariedade e a revolta foram instantâneos: eu não estava sozinha.

Naquele dia, voltamos pra casa e descobrimos que a Amazon vendia: Oreo, Oreo banhado, colar com pingente de Oreo. Obviamente, eles não faziam esse tipo de entregas no Brasil. Desolés, seguimos nossas vidas, pulamos sete ondas, conhecemos o Japão, a floresta da Tijuca, o mercado de peixe de Niterói e eis que o Thiago anuncia, via email: habemus Oreo banhado. O Thiago estava voltando da Argentina, terra de Ricardo Darín, Fito Paez e Evita. Terra de gente que pode ler Borges degustando Oreos banhados. Terra de vinhos onde se pode ter mullets e Oreos banhados.

Enquanto o Thiago não voltou ao Brasil são e salvo e com os Oreos banhados intactos na mala, a Bibs e eu mal pudemos dormir. A gente abusou do Olcadil, teve dor de barriga, tremedeira, bebeu, fumou etc. Então, na mesma semana que confirmaram os shows do Morrissey no Rio, os Oreos banhados aportaram no Leblon, e mais não digo, porque o que se seguiu à abertura das caixas de Oreos banhados é impróprio.

Não deu nem tempo de preparar uma trilha sonora adequada, mas eu diria que o hit do momento traduz com exatidão o nosso sentimento no segundo em que, depois de um brinde, e depois de anos de delirium tremens, nossas bocas abocanharam um Oreo banhado: nossa, nossa, assim você me mata.

segunda-feira, janeiro 16, 2012

curtas


Moro num apartamento que parece casa, com janela pintada de verde e jardim inclinado. Minhas espreguiçadeiras precisariam de cinto de segurança. Tenho gatos e violões, amigos que tocam músicas do Álbum Branco e de Gilberto Gil. E vizinhos adolescentes que ainda sonham ser rockstars. O repertório podia ser pior. Podia ser melhor também. O que quer que fosse, irrevogável é o fato de que o vizinho e sua banda de garagem tocam mal. Durante anos sonhei que o vizinho de baixo, um dia, bateria à minha porta reclamando, justamente, das minhas habilidades como guitarrista. Ele faria elogios ao meu gosto musical, se declararia fã dos mesmos solos que eu treinava com afinco, mas incentivaria fortemente que eu abandonasse tudo aquilo. Nunca mereci sequer uma cutucada do vizinho, dessas que fazem com a vassoura no teto. Agora, ao meu lado, competindo com a conversa que meus convidados tentam estabelecer, a banda de garagem ensaia o repertório de Ok Computer. É a pior versão de Karma Police que alguém poderia aguentar. Abrimos latas e mais latas de cerveja. Tentamos desesperadamente esquecer.

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Você parecia uma Frida Kahlo deslocada no tempo, com leque, turbante e brincos tão grandes. Saboneteiras, pescoço, tudo em você era de outra década. Eu me senti, instantaneamente, a última pessoa da Terra. Caía um temporal de interditar cidades e você cada vez mais podia ser alguém que chegou tarde demais pra semana de 22. Calada, aprofundava o mistério sobre si mesma, olhando fixamente para o espetáculo de raios que se dava a três passos da varanda onde estávamos. Te peguei pela mão, era incrível: sua maquiagem permanecia intacta sob a chuva.

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Hoje de manhã tinha brownie, coca-cola, um império a ser editado na minha mesa e uma vontade quase insana de te convidar pra comer rabanadas fora de época. 





quinta-feira, janeiro 12, 2012

Lanterna dos afogados - capítulo V


Well we all need someone we can dream on, and if you want it, baby, well you can dream on me. - Rolling Stones in Let it bleed.  



Minha incursão pelo mundo das piscinas teve fases bem distintas e definidas. Em comum, todas serviram de pretexto para abandonar a atividade. Estranhamente, segui adiante, com o mantra de se cheguei até aqui, só mais um pouco não vai doer. Quando ultrapassei a marca dos 1600 metros, confesso, achei que nem as inflamações escapulares (cada vez mais freqüentes) poderiam me parar. Virei uma máquina. Mais que todos os benefícios que a natação proporciona, mais que o impacto do livro do Haruki Murakami sobre corrida (eu sei, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, mas no fim dá no mesmo), o que me incentivou a continuar desbravando raias foi o Zé.

Até a minha amizade com o Zé começar, eu enfrentei: a) o pânico de morrer afogada; b) o pânico de ter um treco; c) o Paulão, ou Carlão?; d) a saudade doída do ballet.

Por partes:

a)     O ritual matinal nos primeiros 3 meses da natação consistia em dar um beijo na minha mãe ainda adormecida, afagar o cão idem e dar uma última olhada na cozinha de casa. Mentalmente me despedir de tudo, saber que aqueles gestos de carinho seriam minhas derradeiras delicadezas para com o mundo, porque depois de uma série de crawl, certamente morreria afogada. E eu sabia que era quase impossível tal façanha, visto que era só ficar de pé na piscina pra evitar tal tragédia, e mesmo que não conseguisse, havia ainda cerca de 3 ou 4 professores a postos que não hesitariam em mergulhar pra me salvar, provendo os mecanismos necessários para me ressuscitar. Nada, porém, me convencia, e meu epitáfio era certo: tal qual Ofélia, afogou-se.

b)     Quando entendi que não iria me afogar, achei, então, que pararia de nadar porque teria um treco. O desespero da falta de ar me faria, numa manhã chuvosa, interromper bruscamente uma braçada de costas, caminhar até a margem oposta, subir pela escada, buscar meus pertences e entrar no elevador ainda pingando, sem olhar pra trás, alheia às súplicas da Lili, ou de quem quer que fosse, de voltar pra água. Nunca aconteceu: numa raia de 3, fazer isso atrapalharia o ritmo do nado dos outros 2 atletas, e pra essas coisas sou solidária, portanto não tive um treco por excesso de compaixão e falta de espaço.


c)      O Paulão. Até hoje eu não sei se ele se chama Paulão ou Carlão, mas tanto faz porque Paulões e Carlões são, conceitualmente, a mesma pessoa. Ando destreinada para reconhecer flertes, mas quando o sujeito puxa assunto no elevador e te dá umas sacadas, é batata. No começo achei que era impossível alguém curtir alguém que tinha,  antes: marca do travesseiro no rosto, cabelos desgovernados, calça de pijama por cima do maiô; durante: maiô, touca, óculos, pé-de-pato; depois: marca de touca na testa, toalha amarrada na cintura, cabelos amassados, bochechas rosas. Mas cada olhada do Paulão (ou Carlão) em minha direção falava sobre coisas que eu nem sei dizer. Em vez de ficar lisonjeada ou orgulhosa do meu poder de sedução atroz, achei que a existência do Carlão (ou Paulão) na raia ao lado era motivo o suficiente pra abandonar tudo aquilo, porque aquele pretendente era demais até pra quem tem uma casa afetiva como a minha. 

d)     Em dezembro, também, eu fui assistir a uma apresentação de dança contemporânea e lembrei de como era ridiculamente feliz no ambiente bem menos molhado de uma sala de aula de dança, e toda vez que eu nadava e que tudo era igual e nunca outra coisa, eu pensava puta que pariu, o que eu to fazendo aqui? Drama bem fácil de entender.

Comecei a perceber que o que me mantinha ali chafurdada nas águas cloradas daquela escola de natação era o Zé.

O Zé divide raia comigo nas aulas de quarta-feira. O que eu sei do Zé: ele tem uma neta Julia de seis meses e um outro neto mais velho. Ele costumava dirigir até Campinas, completando o percurso em cerca de 5 horas. Ele gosta de vinhos. Ele tem voz de Nelson Gonçalves e sempre que o avisto entrando na piscina, cantarolo Chão deEstrelas mentalmente. O Zé, não sei por que, me dá vontade de chorar. Ele tem uns 80 anos, nada tranquilamente e ainda se preocupa se não vou bater com as unhas na parede da piscina, e se oferece pra tocar de lado comigo na raia. Eu mostro pra ele que mantenho as unhas curtas, e sinto vontade de chorar de novo.

Desde que eu descobri a doçura do Zé que chego mais cedo às quartas-feiras e faço alongamento com ele, a Elda e o Jimmy na piscina, antes de começarmos de fato a nadar. A Elda e o Jimmy também são mais velhos, não tanto quanto o Zé, mas ainda assim. A identificação com essa turminha é imediata e já penso em convidá-los pra um cineminha. Algo me diz que teremos muito assunto.

Hoje, às 7h01, fiquei presa no elevador do prédio da natação. Me veio todo esse flashback na cabeça, vi minha vida natatícia passar diante dos meus olhos. Por sorte, o Paulão não estava comigo. Tudo, sempre, poderia pior. Ficar presa no elevador do prédio da natação, ainda que por 3 minutos, foi como morrer afogada duas vezes na mesma quinta-feira, porque de repente, ao dar as primeiras braçadas do dia, tudo começou a doer (ombro, escápulas e pescoço), eu engoli água pacas e eu voltei à estaca zero. Quando consegui me libertar e chegar até a escada de acesso à piscina, não vi o Zé, porque não era o dia dele. Nem a Elda e nem o Jimmy estavam lá. Verdade seja dita, no estado em que me encontrava, até o Carlão poderia ter servido de alento, porque minhas pernas tremiam e eu só pensava em sair correndo, mas desde dezembro que esse ser está desaparecido.

O episódio dessa manhã anunciou que essa história de natação já foi longe demais. O Zé, posto que era chama, foi eterno enquanto durou. Já sinto saudades. Na hora do almoço vou comprar sapatilhas. Ballet é um massacre, mas é bem mais seguro.

segunda-feira, janeiro 02, 2012

Olha vai chover, é verão

A praia sempre foi imprópria, e tem gente que se horroriza quando você pega emprestada a escova de dentes de um amigo. Quando a gente era criança, não tinha grade de proteção nas janelas. A gente lidava bem com sacadas, varandas, claraboias e afins. A maioria de nós, ao que consta. A gente comia batata Pringles, uma lata atrás da outra, e elas tinham um sabor delicioso de industrialização. Fiquei bem aborrecida com minha última incursão no mundo da Pringles. Junto com a gordura trans, ou o que quer que fosse que significasse veneno, lá se foi toda a gostosura. A gente sempre comeu legumes e frutas com agrotóxicos e morangos gigantescos. O abacaxi bom era o do caminhão que ficava parado na esquina. Com o advento Marcos Palmeira + Hortifruti, os tomates ficaram do tamanho de uvas, a tangerina dá o ano todo e o preço das saladas do Gula Gula ficou proibitivo. Cinto de segurança não era obrigatório (isso sim, uma maluquice) e manicure usava raspas de sabão branco diluídos em água quente pra fazer nossas unhas. Sabor de picolé era chocolate, uva ou côco, sorvete Itália era uma questão de muita sorte, cada um levava seu próprio guarda-sol pra praia, onde não havia cartela de consumação, altinha e nem filtro solar específico pra pele de rostos oleosos: todo mundo usava Sundown e era feliz ao meio-dia na areia.

Os tempos se complicaram de tal forma que a gente trocou os futriques do Orkut por uma opinião no Facebook. A Natalie cantou a bola há uns meses, dizendo que achava tudo chato. Eu curti, porque é o que de melhor fazemos. Eu nem sei se ela pensava em tudo isso quando desabafou, mas minha intuição diz que a preguiça generalizada que a Natalie sentia tem muito a ver com a minha.

Eu tenho saudade do Free Jazz Festival e dos tempos em que colecionava testimonials elogiosos sobre mim mesma. Hoje pra ganhar um polegar levantado hay que suar a camisa, dizer frases de efeito, ter uma visão política bem fundamentada, odiar a Globo, lutar por Belo Monte etc. Ou conhecer vídeos fantásticos e músicas idem. Eu tenho saudade do tempo em que a gente ficava na fila do cinema pra garantir um lugar bom, e eventualmente tinha que sentar longe do coleguinha. Sobretudo, tenho saudade da época em que chovia e esse comentário ficava restrito ao elevador, à avó do seu namorado ou ao vigia da rua. Quando fazia sol a gente telefonava pros amigos e ia dar um mergulho, em vez de ficar postando aos quatro ventos súplicas pra desligar o maçarico. Cá entre nós, a piada nem tem graça. Pra nossa sorte, as pessoas ainda não tem muito o que dizer a respeito de um dia nublado.

Eu não sei quando é que a gente acreditou que tinha tanta coisa a proferir assim, e nem quando resolvemos ter um milhão de amigos virtuais, tampouco sei justificar porque trocamos as comunidades com lasers (e Woody Allen, que sempre nos ligava) e os fotologs por instagrams e ativismo. Tem coisa mais cafona que uma foto da sua geladeira com essa estética 2011? Uma geladeira é uma geladeira é uma geladeira, e precisa bem mais que um iphone pra melhorar seu eletrodoméstico, seu gato, seu pé, seu par de óculos no parapeito da janela (com grade de proteção).

Eu sempre fui ranzinza, isso não mudou. O McDonalds, por mais que venda maçãs e água, sempre será o McDonalds, e não um fraco como a Batata Pringles. O Balada Sucos era bem melhor antes de virar Mix. Todo mundo usava condicionador Neutrox, as pessoas nem pensavam em clarear os dentes e Supra Sumo não tinha esse nome à tôa. Eu gostava mesmo quando a gente mexericava a vida alheia na internet e todo mundo era bem mais legal. Quando a gente queria ter um milhão de amigos mesmo, e não sair por aí deletando as pessoas.

Pra não dizerem que não me adapto aos tempos, deixo aqui meu apelo a São Pedro: por favor, abotoa o céu, deixa o verão chegar, que no mar todo mundo fica quieto. Do contrário, é como disse a Natalie: eu acho tudo muito chato.