quinta-feira, junho 06, 2013

top 5

Das anotações do meu caderno de pós-graduação, algumas frases entreouvidas entre um delírio teórico e outro:

1) Dente é patrimônio.
2) Eu queria ser uma vírgula no texto dele!
3) Clarice [Lispector] não fala, Clarice vaticina.
4) O Facebook é um Retrato de Dorian Gray às avessas.
5) Coisa boa é ir pra um motel sozinho com seus livros.

Bônus: "Só gosto do que é melhor em tudo, desde música, desde pintura, até o arroz com feijão."  (João Antonio)




domingo, junho 02, 2013

4 aberturas de romance


Aujourd’hui, maman est morte. Ou peut-être hier, je ne sais pas. J’ai reçu un télégramme de l’asile: “Mère décédée. Enterrement demain. Sentiments distingues.” Cela ne veut rien dire. C’etait peut-être hier.

Albert Camus, L’étranger 

I did not kill my father, but I sometimes felt I gad helped him on his way. And but for the fact that it coincided with a landmark on my physical growth, his death seemed insignificant compared to what followed. My sisters and I talked about him the week after he died, and Sue certainly cried when the ambulance tucked him up in a bright red blanket and carried him away. He was a frail, irascible, obsessive man with yellowish hands and face. I am only including the little story of his death to explain how my sisters and I came to have such a large quantity of cement a tour disposal.

Ian McEwan, The cement garden 

(No fim, tu morres. No fim do livro, tu morres. Assim mesmo, como se morre nos romances: sem aviso, sem razão, a benefício apenas da história que se quis contar. Assim, tu morres e eu conto. E ficamos de contas saldadas.)

Miguel Souza Tavares, No teu deserto 

No final ela morre e ele fica sozinho, ainda que na verdade ele já tivesse ficado sozinho muitos anos antes da morte dela, de Emilia. Digamos que ela se chama ou se chamava Emilia e que ele se chama, se chamava e continue se chamando Julio. Julio e Emilia. No final, Emilia morre e Julio não morre. O resto é literatura:

Alejandro Zambra, Bonsai