Se for egocentrismo imaginar que o consulado americano vai investigar cada uma das informações informadas no formulário de requerimento de visto para os USA, se for tão ridículo pedir pra mãe ir ao dentista pra segurar minha mão, se for delírio concluir que sinusite só dá de manhã, ou toda vez que eu acordo, se for inevitável morrer de amores por Afrin, se for preciso morrer de amores por ele.
Se for heresia ter fé em Paul McCartney, se for obsessão essa minha relação com o Morrissey, se for sempre tão incrivelmente saudável viajar com elas, se for essencialmente vital que elas sejam sempre um pouquinho só minhas, e vice-versa, se for incontrolável comprar inutilidades e coisas sem mais nem porquê para presentear dois ou três amigos.
Se for tão perfeito viajar sozinha e querer aprender a língua local com uma semana de antecedência, se esses rompantes de vontade me fizerem pegar a estrada e inventar todas as soluções ao mesmo tempo sem parar pra pensar em medos, se for patético ter crise alérgica em quartos que seriam reprovados pela vigilância sanitária, se for nocivo beber, se for indecifrável o alcance e a largura dos teus olhos quando esbarram em mim.
Se for normal o ciúme, se for apaziguador beber vinho, se for decente o preço da ponte-aérea, se for sempre reconfortante o nosso encontro, se for sempre tão consolador dar de cara com crises existenciais por email, se for sempre tão gostoso ver o quanto você cresceu.
Se for sempre tão esclarecedor esse falatório na hora do almoço.
Se for sempre tão acolhedor ver TV, se um dia eu me convencer a escrever um livro, se eu fizer o que mais gostaria de tentar, se eu conseguir saber de cór cada pedaço da tua pele e tuas medidas, se eu tiver coragem, se fizer sol, se o filme não queimar, se não tiver fila pra ver o Matisse no museu, se ela for me buscar no aeroporto, e mesmo que nada disso seja certo ou tenha razão... diz que sim quando eu te perguntar?
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