Havia dias em que eu escrevia tanto a seu respeito
que ele já não era muito real, de modo que, se de repente eu ficava face a face
com ele numa rua, ele parecia mudado. Eu tinha conseguido drená-lo de sua
substância, eu pensava, e preenchido meu caderno com aquilo, o que significava
que em certo sentido eu o matara. Mas então, quando voltava para casa, a
substância parecia estar nele mais um vez, onde quer que ele estivesse, porque
o que agora estava vazio e sem vida era o que eu escrevera.
Lydia Davis, O fim da história (José Olympio,
2016, tradução de Julián Fuks)
Nenhum comentário:
Postar um comentário