O protetor
auricular para natação é uma pequena massa de silicone modelável que se encaixa
bem nas dobras e curvas da orelha. Ainda assim, deixa vazar um pouco d’água. Toda
vez, então, saio da piscina em pulinhos e, eventualmente, pingo gotas de álcool
no ouvido. Foi aterrorizante a ameaça da hegemonia do álcool em gel no mundo –
teve isso, não?
Há uma loja, no
bairro vizinho, que tira um molde do ouvido e produz peça mais sólida, impenetrável,
dizem, formato sob medida, cor: bege. Ocorre que, entre uma raia e outra, encontro
amigos, colegas, e também é preciso se comunicar com o professor, às vezes. Aí
tiro a goma do ouvido para depois recolocá-la, amaciando com o dedo, para uma
boa vedação. E então, às vezes, o protetor cai na água, não se acomoda tão bem,
e quando finalmente se encaixa, já está molhado por todos os lados. É uma
quantidade ínfima de água, pondero, porque sempre dou uma sacudidela. Daí que
volto à certeza de que aquilo não funciona tão bem.
Nas manhãs em
que choro demais no divã da analista, me pergunto se o protetor auricular para
natação absorveria as lágrimas que rolam para dentro do ouvido.
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