domingo, janeiro 27, 2008

Arabia

Eu tinha acabado de ler um livro que eu achava que estava adorando, até a história toda dar uma amalucada e eu não entender mais nada, mas foi tão não entendido que eu nem podia pedir ajuda ou pesquisar qualquer coisa no google sobre o livro.

Então saímos para jantar, eu não sabia em que bairro estava porque eu não conseguia entender direito os limites daquela cidade onde as coisas não terminavam pra que outras começassem, ahaha, como era metafórico.

E então quando a conversa ia amena começou um papo sobre o sujeito de 30 ou 31 anos, talvez 34, que trabalhava no Societé General e fez um rombo e o economista da mesa explicou a todos algumas manobras do FMI e das bolsas e dos futuros e eu que já não estava esperta, sem entender literatura e delimitações geográficas, fiquei ainda mais burra naquele jantar.

Sem entender patavinas, entregue ao tabule, prestei atenção o máximo que pude, queria recuperar minha inteligência, moldada anos em colégio de padre.

Um bom samaritano sentado à mesa explicou como começou esse mundo de especulações usando exemplos simples de como os agricultores garantiam o preço de venda de seus produtos, evitando assim quebrarem caso houvesse um ataque de gafanhotos às plantações.

Eu que já estava burra e entediada concluí que essa gente do mercado financeiro se especializa em especular coisas e achei uma absoluta falta do que fazer que essa gente enriqueça loucamente enquanto metade do mundo está se matando.

Então eu concluí que além de burra e entediada eu estava também engraçada porque a minha conclusão gerou risos na mesa. Não sei se foram de solidariedade ou pena. Só sei que não fui eu quem dividiu a conta do restaurante, e certamente não serei a próxima milionária do grupo.

Terminei o jantar com o consolo de ainda conseguir fazer rir quem precisa.


:: "Descemos do ônibus pisando em poças de lama, subimos devagar as escadas (...) e lembrei que precisava achar um lugar para morar dentro de nove dias, agora oito (...) e que eu estava cansado de ser pago para guardar minha loucura no bolso oito horas por dia (...) e quis morrer, e lembrei que não conseguiria, e quis te dizer de como era bom que a gente tivesse se encontrado, assim, sem pedir, sem esperar, e soube que não saberia..."

Caio F. , O Dia de Ontem in O Ovo Apunhalado

5 comentários:

Anônimo disse...

Não tenho dúvidas que a pessoa mais interessante dessa mesa era você.

Anônimo disse...

Uauuuuuuuuu, adorei o post acima!
Aê Julinha! rsrsrsrsrsrsr

Beijos

Julieta disse...

Uau! Adorei!

Anônimo disse...

quem é vc anônimo???????

Daniell Rezende disse...

Acho que foi por isso que abandonei economia. Percebi que bom mesmo de especular é se vai dar praia no fim de semana.

Mas como a vaga de homem do tempo do Jornal Nacional já tinha sido preenchida, virei publicitário. Uma pena, porque eu gosto desse cargo de homem do tempo. Ia ficar bacana preencher isso naquelas fichinhas de check-in de hotel:

"Profissão - Homem do tempo."

Se bem que homem-rã também seria legal pra isso.