quarta-feira, novembro 19, 2008

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Na Fonte da Saudade, joga-se uma partida de pega-varetas antes que se comece um dia de trabalho (sem fins lucrativos). Não são tão bons quanto os da infância porque são feitos de plástico, os de madeira ficaram para trás. Não se sabe quantos pontos vale cada cor, portanto vence quem pega mais varetas, e baixa-se o rigor nas estratégias, afinal o que importa é divertir-se, e não competir.

Ali bebe-se água natural da fonte que cai direto na garagem do edifício, e muitas vezes as garrafas ficam com gosto de cachoeira. E quando o trabalho não anda, come-se chocolate, joga-se paciência, fazem-se pesquisas sem objetivo em sites, revistas e livros, ou fotografam-se bonecos de toy art.

Na cozinha encontra-se um pandeiro, um livro de poesias de Bukowsky ao lado dos livros de receitas, e panelas de cor vermelha, além de xícaras com jeito retrô para tomar café. Come-se comida de qualidade, consome-se vodca e tingi-se tecido também, desde que o ato espalhe água verde (ou rosa) pelo chão, fazendo bagunça e alegria de todos.

Na Fonte da Saudade dá medo quando chove ou há trovoadas, os ventos são uivantes e vê-se as ondas que a Lagoa começa a formar durante tempestade. Tenta-se distrair com uma caixa cheia de lápis de cera, e faz-se desenhos artísticos enquanto o email não envia as fotos. Na Fonte da Saudade o email nunca envia as fotos.

Em cima da mesa faz-se um monte de versos nonsense com ímãs de palavras, ouve-se música na maioria das vezes estranha e canta-se em coro canções de amor com letras de rimas. Ri-se de piadas sem graça ( e gargalha-se três semanas de piadas realmente boas), especula-se que tipo de coisas entupidas uma roto-rooter poderia desentupir (as que entopem, oras!) e planeja-se uma vida em Paris.

No banheiro verde traça-se um roteiro que inclua uma cena para a qual a melhor locação fosse o banheiro verde, seca-se o cabelo com cuidado e vestem-se os vestidos mais fantásticos acompanhados de arcos e laços na cabeça.

No escritório, on parle le français inventado, alguém ama pessoas inventadas e tudo o mais é imaginado também, as vozes idiotas que falam por lá, as peças de teatro que serão escritas em dez dias e as caras de choro quando o telefone não pára de tocar.

Na Fonte da Saudade há grades de proteção nas janelas. Circulam muitas crianças por ali.




2 comentários:

M.Knox disse...

Hair!
Nas suas palavras a minha casa parece até mais especial do que ela é!

Roto-Roter era o tema dos meus escritos!hahahaha

P.S. Amey o retoque da raiz do cabelo!!!!

Merci!

Hair de raiz vencida!

Anônimo disse...

estava com saudades daqui.