terça-feira, março 17, 2009

Antes de dormir:

Segunda-feira só faz sentido depois que vejo o novo capítulo da série; perdi a vontade de ir àquele show, deve ser porque comprei o ingresso há tanto tempo que esqueci; me dá uma vontade de ser mulherzinha toda vez que passo creme no nariz; o relógio faz um barulho danado dos ponteiros e fico aflita enquanto não durmo, ou enquanto não acordo totalmente; o carro parece que sossegou desde que ficou todo amassado do lado direito; estou aprendendo a emprestar livros; não sei como se pede desculpas; uma pilha de revistas foi pro lixo; telecine light me vicia, por pior que sejam os filmes; acho que pedi ajuda esses dias, mais de uma vez; fico lendo um livro de 500 páginas achando que nunca vou chegar ao fim, mas já cheguei na metade; sou ecologicamente correta no super mercado e não gasto sacolas plásticas; minha máquina de fabricar água pifou, oh céus!; meu saldo bancário me odeia, e é inversamente proporcional ao meu caso de amor com a Zara; eu sei, são só besteiras; não sei o que fazer com todos os cartões postais que não tenho onde exibir; fico já antecipando as roupas que vou levar na viagem, mesmo que ainda falte um mês e eu não tenha casacos; José Luis Peixoto me fez chorar no meio do carnaval e foi por isso que meu celular se afogou na praia, porque preferi salvar o livro; tenho uma queda por dicionários antigos, daqueles que cheiram a velhice e cuja ortografia é duvidosa; ando militando a favor de suco de uva; ando acordando com o cabelo igual ao do Bozo, todo pro lado, um horror!; ando com vontade de escutar Lenny Kravitz cantando “baby it ain’t over til it’s over” só porque eu concordo totalmente, mas como é que faz pra saber que acabou?; tento matar umas pessoas, mas elas parecem ter sete vidas; são sete dias que se emendam em muito mais que sete horas de sono por noite; será que depressão dura uma semana só?; e será que é muito grave nunca ter ido a um concerto de música clássica?; a oftalmologista começou a me explicar a operação dos olhos e eu quase vomitei em cima dela de nervoso, eu não precisava de tantos detalhes assim, oras!; e aí perdi os óculos de sol dentro do carro, vê se pode; e pode fingir que ta tudo bem quando se morre de dor no pescoço?; e é possível gostar de alguma coisa quando alguém do seu lado na platéia não para de tossir?; às vezes eu lembro de uma vez que eu tinha uma estagiária e eu não tinha a mais vaga idéia do que fazer com ela, e agora eu estou que nem aquela música “I Just don’t know what to do with myself”; tanto clichê...; preciso estudar francês; sinto uma saudade tremenda da cadela da minha professora de francês, por mais estranha que seja essa frase; o protetor labial não impede que eu continue comendo a boca toda, o protetor solar não impede que às vezes descasquem as costas e essa proteção idiota que eu inventei contra as pessoas não impede que eu me desmantele toda de vez em quando, uma vez por dia, por não conseguir mais me desmantelar com elas; o som está com dificuldades para fazer os CDs tocarem; roubaram a bolsa da Jandira Fegali na Casa de Cultura Laura Alvim; a Casa da Gávea vai fechar; dizem que a Maria Bonita está falindo; esses amores platônicos perdem a graça tão rápido; não agüento mais escutar: crise, recessão, Barack Obama; e o Collor, alguém me explica?; é, eu sei, não entendo nada mesmo; detesto todos os colunistas do Globo, concluí com a Bebel; e esse sono que não me faz dormir?; meu joanete está crescendo e eu não sei o porquê; quantos baianos você conhece? Eu só conheço um, e foi sem querer; Toni me pega no colo toda vez que me encontra, mesmo que eu seja enorme; agora já chega, preciso dormir, amanhã acordo de novo ao meio-dia e nunca acerto o horário, fico bocejando até o pôr-do-sol; tenho que ligar pro despachante amanhã, sem falta; e o sono, meu deus, e o sono?; leio mais 10 páginas, só esse capítulo, ou tomo logo um remédio, daqui a pouco não consigo mais, agora já chega, jogo só mais uma partida de Tetris, busco água pro comprimido, desabo desmilinguida na cama antes que você me invada a cabeça outra vez.

:: "Sua enorme inteligência compreensiva, aquele seu coração vazio de mim que precisa que eu seja admirável para poder me admirar. Minha grande altivez: prefiro ser achada na rua. Do que neste fictício palácio onde não me acharão porque - porque mando dizer que não estou, 'ela acabou de sair'." Clarice Lispector em Para Não Esquecer

9 comentários:

Anônimo disse...

As coisas estão confusas, hein comu?

Maína Mello disse...

querida, vc escreve tão lindo! Só descobri seu blog há pouco tempo e estou adorando!
bjs!

Anônimo disse...

Adoro!

bruna disse...

Comer a boca pode estar diretamente relacionado ao agora já chega preciso dormir e não ao protetor labial, vai no show por mim, saber pedir ajuda já é um começo, desculpas as vezes se pede só com um sorriso (ou um convite pra ver o episodio da serie de segunda feira). Parenteses vem antes ou depois do ponto final?

Beta disse...

Julinha, vc chegou a ver outro oftalmo?

bjs

Anônimo disse...

Ju algumas coisas dessas ,parecem que sou eu falando. Só que voce escreve tão bem, que acabei rindo. Beijos Ana

Anônimo disse...

Já faz um tempo que entro aqui. Gosto pra caramba do teu blogue: bem escrito e cheio de referências ao que há de melhor!

Paula

Julia disse...

Como é bom quando a gente se identifica.

E teu nome é Julia?
Sério?
Tenho teu blog no meu google reader há décadas e nunca tinha me dado conta disso
...

Vera disse...

Como sempre lindo...vc se tornou algo especial na vida da gente...