Era inverno, sua mão gelava e tudo acontecia num tempo lento. Levantar era doído e pouco dava motivo. Atrasava-se com frequência numa tentativa de diminuir o tempo das coisas. Queria inverter relógios enquanto executava funções que lhe causavam bocejos. Sentia vontade de apagar desenhos em vez de fazê-los. Tinha pouca fome, os chocolates sobravam. Tudo envolvia um esforço hercúleo, desde entrar no banho a conversar com um amigo. A apatia alastrava-se: cabelos enroscados em elásticos, botões faltando na camisa e uma brancura melancólica. Tropeçava em pedras portuguesas e numa dessas caiu a poucos centímetros de uma poça. Sorte, pensou. E ficou por ali deitada, virou-se e teve certeza de que o céu continuava carregado de nuvens. Era terça-feira, ia chover de novo, mais uma noite sem dormir. Não chorava porque havia perdido uma paixão, mas porque não se permitia mais encontrar uma.
:: Anda-se triste, anda-se vão. Os Subterrâneos in Aos Nossos Amores
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2 comentários:
hi julie, vai ao los hermanos?
hey jules!!!
tô chegando, muitos beijos!!!
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