segunda-feira, agosto 16, 2010
Retrato em branco e preto
Aquilo que vi em você quando abri a porta, apatia se espalhando como vento na praia, aquilo não era só o que você me disse que parecia. Aquilo que se misturava às tuas cores não era apenas, não podia ser! Aquilo que se descolava da tua pele e solidificava em nuvem cinza, aquela tempestade anunciada sobre a tua cabeça, aquilo não era o que você achava. Aquele você que me recebeu não era só o apelo minutos antes por telefone, terceiro andar, descalço em pedras frias e magricelo, aquele dia, não era só tristeza, solidão ou temperatura abaixo de zero. Aquilo que se apoderou do teu abraço, tão minguado, não era só Agosto, muito menos oito dias trabalhando sem parar. A tua cabeça tombada no caminho até o sofá da sala, seu quase sumiço por entre as almofadas, aquele resgate que se fez necessário, havia um colapso em você que era subcutâneo e que nem mesmo sopa quente, cachecol e beijo de boa noite: aquilo, meu bem, não era pedido de socorro ou saudade do meu colo: era segunda-feira.
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