I.
Todas as soluções são boas,
menos a que você escolher.
Escolha, sim. (Mesmo que doa,
dá uma espécie de prazer.)
II.
Nenhuma explicação
entre o pé e a mão.
Transcendência nenhuma
entre o sabugo e a unha.
Ao corpo, masmorra sem porta,
pouco importa que você morra.
III.
Viver momento a momento
com a insensatez dos insetos
que arremetem impávidos
contra o real da vidraça
obedecendo sem trégua
à lógica imperturbável
que trazem em suas entranhas.
IV.
Vida sempre rascunho, folha sem pauta,
pasto de lacunas e rasuras,
risco sobre risco, pré-
-texto de nada.
Paulo Henriques Britto in Formas do nada, Companhia das Letras, 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário