Tem essa tosse que vem de tempos em tempos. Explode junto com uma mancha rosada na bochecha. Todas as soluções disponíveis, das sementes ao silêncio, não vão resolver: a tosse é a tentativa de expulsão, ainda que você não esteja mais aqui. A mancha na bochecha, dizem, não tem cura. Como se alguma coisa tivesse.
É lindo como os portugueses não usam gerúndio e precisam do infinitivo do verbo. Outro dia, em aula, alguém disse: o infinito do verbo. Não só o texto, mas a palavra também: descosturada, a esfiapar: sem ponto de chegada.
Tem essa tosse que me deixa sem voz, e ainda que eu quisesse conversar com alguém. Sem fala, sem o seu barulho e sem o seu me enxergar: passo em branco, eventualmente acordo a chorar, como é que te deixei morrer assim?
Implosão sobre travesseiros, saudade entranhada, lembranças que não desgrudam, e essa tosse a insistir na impossibilidade. Você, infinito: a única coisa que eu sei.
Um comentário:
"Você, infinito: a única coisa que eu sei."
demais!
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