Queria
estar onde ele está, e o único âmbito em que me consta que nos encontraríamos é
o passado, o não ser e no entanto ter sido. Se fosse passado, pelo menos eu me
igualaria a ele nisso, já é alguma coisa, e não estaria na situação de sentir
sua falta nem de me lembrar dele. Estaria em seu mesmo nível nesse aspecto, ou
em sua dimensão, ou em seu tempo, e já não permaneceria neste mundo precário
que vai tirando nossos costumes. Nada mais se tira de nós se nos tiram de cena.
Nada mais se acaba para nós se alguém já acabou.
Javier MARÍAS.
Os enamoramentos. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
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