Se encontraram nessa vida porque tinha que ser assim, de outro jeito seria covardia com todos.
Cada um era de um jeito, de um canto, mas tinham os corredores da faculdade em comum, exceto um ou dois, que por sorte ou destino tiveram um show pra se conhecer, uma banda que os fazia cantar juntos, um reveillon com fogos, um aniversário em janeiro e um carnaval em fevereiro.
Com o tempo descobriram que seus cantos estavam mais próximos do que supunham, que suas praias eram bem parecidas, que seus jeitos se gostavam e que mesmo quando discordavam em tudo conseguiam fazer piada e rir de si mesmos. Descobriram que rir em grupo era melhor, e que discordar em grupo gerava conversas que ficavam cada vez mais inacabáveis, interessantes e irresistíveis.
E foram descobrindo que juntos ficavam incríveis e que estarem cercados uns pelos outros era o suficiente pra não conseguirem conter sorrisos, e terapia nenhuma solucionaria seus casos não fosse pela certeza de suas companhias.
E cada café é uma celebração, todo chope é uma festa e quando bebem vinho ficam loucos e perto dos deuses.
Podiam ter apenas se esbarrado, mas concordaram que a melhor idéia era um grande abraço.
“Muito sério, disse-lhe que, depois do tempo transcorrido, considerava-o um verdadeiro amigo. Vinha-lhe propor que celebrassem a cerimônia da amizade recíproca. Era muito simples. Consistia em trocar os respectivos nomes, sem perder os próprios. Assim o fizeram, e, desde então, seu vizinho passou a se chamar Tioka-Koke e, ele, Koke-Tioka.”
Vargas Llosa em O Paraíso na Outra Esquina, sobre a amizade de Paul Gauguin e seu vizinho.
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