quinta-feira, agosto 14, 2008

Fiquei pensando antes de responder...

... porque de fato pouco mudou desde a última vez em que nos vimos. A cor do cabelo está um pouco diferente sim, me distraí na hora de comprar a tinta e ainda bem que gostei. Mantenho o mesmo formato, não engordei muito e nem emagreci demais. Ah claro, tenho ido mais à praia, é circunstancial, mas o sol pouco me afeta, de forma que continuo usando o bom e velho pó de arroz. Pensei em comprar uma bicicleta, mas creio que esse tipo de pensamento não realizado é descartado do quesito novidades, né? Foi o que eu imaginei, mas só pra você saber, se eles valessem, eu poderia te escrever por horas.

Começou com a bicicleta porque de repente me veio uma necessidade incontornável de querer estar ao ar livre. Acho que é inevitável depois de se trabalhar por meses dentro de escritório. E também algumas amigas passeiam por aí em suas magrelas, levando suas coisas dentro das cestinhas. É quase romântico pensar em se locomover por aqui montado em bicicleta. Por fim, acabei achando arriscado, eu sou tão desligada que poderia ser atropelada facilmente e aí sim eu teria novidades emocionantes, talvez trágicas, para contar. Então eu optei por teatro, que era mais estável e seguro que a primeira idéia, não era bem ao ar livre, mas era uma chance de desabafar sem precisar falar nada. O que mais me atraiu nesse plano era a possibilidade de aprender a chorar. E de aprender a parar de chorar, principalmente. Mas e o que eu ia fazer na hora em que tivesse que dizer alguma coisa na frente de outros alunos? É esse o problema. Eu sempre acho que as pessoas da turma de teatro vão ser aquelas que usam calças molinhas, que são anti-emails e que, claro, andam por aí de bicicletas. E pior: não seguram o guidon quando em linha reta. Sim, desisti do teatro, até porque cada vez que pensava nisso me dava um ataque de timidez que ficava com vergonha até de ligar pra pedir informações.

Continuo na aula de inglês, agora faço aula tripla, a conversação flui melhor. Desde a primeira aula abolimos alguns temas como Olimpíadas, religião, futebol, política. Uma das pessoas pediu também para não falarmos muito sobre animais de estimação pois ela acabara de perder seu cão adorado. A segunda pessoa mostrou-se um pouco radical quando falamos de cinema outro dia, quase me agrediu só porque eu disse que gostava de musicais. Ele defende filmes de autor quase como quem defenderia Jesus. É realmente impressionante. Desde esse dia passamos a evitar também esse tópico. Temos conversado muito sobre música e destinos de viagens, esses parecem ser de interesse comum e até agora têm funcionado. Mas convém não abusar. Tenho tentado inserir dança na conversa pra ver se o público aumenta, mas quando eles me pedem indicações de espetáculos para ver eu fico receosa. Como é que poderia recomendar espetáculos de dança contemporânea para eles, por exemplo? Até pouco tempo eles achavam que Nureyev era uma cidade russa. É cedo demais para inicia-los.

Continuo também dormindo pra caramba, ainda mais agora que não tenho que escutar despertador. Eu sei que é temporário, como a praia, então faço o melhor dueto: tiro cochilos na areia, sob o guarda-sol, quando começa a esfriar um pouquinho. Ainda insisto, também, nos cds, compro cds a toda hora. As caixinhas, por sua vez, ainda insistem em se esborrachar no chão na primeira semana, acho que já faz parte do ritual. É isso o que tenho pra contar, acho que fico fazendo e desfazendo planos para ter assunto, mas no fundo não tenho tanto assim. Prefiro sempre responder que ta tudo bem, tudo mais ou menos igual e emendar, exclamando, você é que deve ter uma porção de histórias bacanas pra dividir! Fico com vergonha de falar sobre o musical infantil que me fez chorar. E adio a hora, enquanto não tomo coragem, de te dizer a novidade mais nova e óbvia, que já faz uns dias: você virou assunto na terapia.


:: Nina Simone

2 comentários:

Beta disse...

Julinha! Atualizou, que emoçao!
poxa.. eu adoro filmes musicais... vi esses dias no telecine o Dreamgirls, que não tinha visto no cinema e AMEI!
rsrsrsr
Se eu tivesse no seu inglês certamente falaríamos sobre isso.

bjs

Daniell Rezende disse...

Peraí. Falar de cinema dá mais quebra-pau que música na aula? Impessionante.

Se eu tô lá e alguém fala mal de Beatles, sai pancadaria na hora.

Apesar de que Beatles também encaixa em religião. Aí fica fazendo parte dos temas proibidos.