Acomodados nas poltronas da fila E, distância ideal entre nossa emoção e a tela, ele vai propor um combo de guloseimas, pedirei licença com ar de quem não queria incomodar, voltarei com doces além da conta, que me acudirão quando achar que não poderei mais evitar a explosão de tanta lágrima. Ele vai ficar com os dedos melados de tanto sal, nossas barrigas proeminentes de tanta Coca-cola, nossos peitos comprimidos por tantas indicações ao Oscar. Disfarçaremos a vermelhidão dos olhos atrás das hastes que nos corrigem as miopias, compraremos chicletes pra tirar o gosto, ele me beijará na fila do pagamento do estacionamento. Ele confessará que chorou naquela outra parte também, que sentiu insuficiência de pernas quando levantou junto dos créditos. Eu vou sorrir devagar, dizer que entendo. Ele me perguntará se sinto esse frio na barriga, às vezes. Ou contorções do estômago. Confessarei que as minhas borboletas não habitam meu abdomem, que elas voam pelos meus pulmões.
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