segunda-feira, setembro 03, 2007

It's been a hard day's night

Eu estava nadando peito, a aula tinha começado há cerca de 3 minutos e enquanto ia pra lá e pra cá a minha cabeça só conseguia pensar nas peças que a fábrica deveria entregar naquela semana. Eu estava preocupada também com as blusas dos uniformes das vendedoras das lojas que tinham que ficar prontas tão rápido quanto eu chegava do outro lado da piscina. Normal, pensei, tive um dia estressante mas tenho ainda 37 minutos de aula pra me concentrar nas bolhinhas e ladrilhos.

Nessa mesma semana eu sonhei com lingeries algumas vezes. Achei pertinente visto que trabalho cercada delas o dia todo e minha ocupação é justamente fazê-las.

Mas alguma coisa bateu quando eu disquei o número do Samuel sem olhar na agenda. Samuel não é meu namorado, não é meu pai, não é um pretendente a caso amoroso, não é meu amigo e nem mesmo meu cabeleireiro. Samuel é o representante da indústria de tecidos de quem geralmente compro sedas que futuramente viram camisolas e robes. Quando eu descobri que sabia o telefone do Samuel de cór fiquei meio deprê. Eu já sabia mais uns oito números de telefone de cór, alguns com ddd e mais ou menos todos relacionados a trabalho.

Não que o Samuel seja um chato ou coisa assim, tudo o que sei dele é que ele tem sempre que verificar o estoque antes de me dar uma resposta (o que julgo ser muito prudente) e que ele nunca atende o telefone de primeira, o que certamente colabora para a fixação do número na minha mente.

Eu fiquei um pouco frustrada por ver o quanto que essas coisas que a gente não ama acabam nos consumindo. De repente eu virei uma daquelas pessoas que nadam porque faz bem pras costas, que não vão tomar um chope depois do trabalho porque precisam acordar cedo no dia seguinte, que usam creme hidratante com protetor solar no rosto e combinam a calcinha com o sutiã.

Eu fiquei quase histérica quando me dei conta disso tudo porque entendi que virei uma chatonilda. E em vez de:
a) largar tudo e fazer o que realmente gosta
b) fingir afogamento na piscina e ter esse trauma como álibi pro resto da vida
c) ligar pra analista
d) queimar lingerie em passeatas,
eu adotei uma medida drástica e definitiva. Quando eu decorar o telefone do químico que nos fornece o sabonete líquido antibactericida com aroma exclusivo eu peço demissão.

:: "Foi bom te ter mais uma vez / Poder te abandonar / E dar por finda a mágoa / Desse mal amar"

7 comentários:

Anônimo disse...

Só espero que você saiba o meu telefone de cór também!
Que bom que essa pausa não foi de mil compassos.
Welcome back!

Anônimo disse...

nossa, jules!!! tá combinando calcinha e sutiã, é???

Anônimo disse...

Só espero realmente que vc não queime lingerie na praça.... afinal, já fizeram isso uma vez e olha onde nós fomos parar, trabalhando 10, 12 horas por dia, como loucas!
Ai, ai....
bjs, Beta

bruna disse...

o que que a vida fez da nossa vida?

JULIANA disse...

passar protetor no rosto é bom!

Anônimo disse...

Eu fiquei deprimido de verdade foi quando percebi que não sabia só o telefone da central de não-atendimento do Vírtua... Mas também o meu código de cliente, que tem nada menos que 12 dígitos. E olha que eu ainda sei até agora.

Velma Kelly disse...

jules, agora a gente é companheira de piscina!!!!!