quinta-feira, março 01, 2007

a arte de viver da fé

A auto-escola foi pra mim uma evolução de “isso é impossível”. A frase adquiriu motivos diferentes com o passar das aulas, mas esteve presente durante o começo do meu aprendizado. Primeiro era a troca de marchas, depois a baliza e por último subir o Alto da Boa Vista em dia de chuva. Eu acreditava piamente que seria impossível dirigir sem bater em outros veículos ou em postes, árvores e até mesmo atropelar pessoas. Dirigir me parecia uma tarefa árdua que aos poucos foi se revelando tão fácil que o meu julgamento sobre a impossibilidade mudou completamente: era impossível que algumas pessoas dirigissem tão horrivelmente mal.

O mesmo ocorreu com wings. Wings era o passo mais improvável de ser realizado pelas minhas pernas e pés nas aulas de sapateado. Era um fato pra mim que eu quebraria ambos os pés em fratura exposta, no mínimo uma torção que me deixaria dois meses sem pisar. Passadas duas ou três semanas o wings atingiu o status de flap e eu podia faze-lo com as duas pernas e até mesmo em uma perna só. Fazer wings nunca me deu nem calos.

Com o CPE foi bem parecido. Essa é uma das mais difíceis (e inúteis, hoje sei) provas de Cambridge. Do tipo de prova que o sujeito tem de saber a diferença entre glare, glance e gaze além de ter de usar termos como nevertheless e hence em uma carta imaginária formal ao seu vizinho comunicando-lhe as novas leis de segurança predial. Haha, eu pensava. Passei com o conceito C, o mínimo que se deve tirar pra ser aprovado e concluí que o CPE não era tão inatingível assim.

As sessões de RPG também me deixaram incrédula no início. Eu achava impossível que a pessoa deixasse de sentir dores nas costas depois de passar uma hora fazendo 4 ou 5 posturas onde em cada uma dessas você não faz mais do que respirar. Passados seis meses, fui vencida pela técnica quase imóvel e melhorei 70 por cento da coluna.

Com o tempo eu descobri como tantas dessas e outras coisas eram possíveis e no fim das contas o que eu não consegui de fato fazer foi um desenho decente na aula de modelo vivo. E seqüência de frapê de ballet aceitável (se o ballet fosse como o CPE minha nota não seria satisfatória).

A bola da vez é trabalho. Será possível arranjar emprego ou isso é tarefa pra Nijinsky?

3 comentários:

Anônimo disse...

arrumar um emprego até q pode ser fácil Ju, permanecer nele é que é o problema ... Se quiser estou doando um posto!

Anônimo disse...

hahahahaha.. adorooooo seus posts! E, olha, vou te falar... todos os dias, eu acordo e me faço a mesma pergunta... Por que é tão difícil arrumar um emprego????? Será tão impossível se livrar do homem que vc ama, que vc sabe que não dá certo, mas que tb não te deixa em paz?? Para mim, essas duas coisas são as mais impossíveis do momento. Bjs!!

Fulanas disse...

E arrumar um emprego que ta dá algum tipo de segurança financeira ? Isso é possivel ???