Preguiça ou solidão, tédio ou ressaca, por alguma razão resolvi passar o dia enfiada na camisola, olhava as formigas que andavam pelo chão e ouvia uma música quase triste que me lembrou você e enquanto eu tentava resolver se devia me lembrar sorrindo ou te odiando bateu um ventinho e eu cochilei.
Quando levantei já era noite e você tinha deixado um bilhetinho, a música tinha mudado. As formigas continuavam por ali, o cachorro me dava a barriga pra fazer carinho e eu segurava o seu bilhete sem entender muito como é que aquilo tinha ido parar ali.
Sua caligrafia torta, tinta azul, uma folha de caderno mal arrancada, fim do disco e sem querer assassinei duas ou três das formiguinhas que iam e vinham num tropeço como uma bêbada esgueirando-me pela parede.
Quando realmente acordei entendi como era fácil que você pudesse consertar tudo em sonho, o disco já acabara há meia hora, a luz da secretária eletrônica indicava um recado que não era o seu e eu não era uma criminosa.
Preguiça ou solidão, tédio ou ressaca, por alguma razão resolvi passar o dia enfiada na cama, o cachorro guardando a porta do meu quarto, as formigas em seu vai-e-vem habitual e eu ouvia a mesma música quase triste que me lembrou você e entendi que eu só podia fazer isso com uma saudade dilacerante.
:: I wish I was in a suitcase on my way back home to you... The Magic Numbers em Which Way to Happy
Um comentário:
Nossa... agora que vc mencionou olhar as formigas... me dei conta q não vejo formigas há meses!!! paris n tem formigas!!! nunca pensei q iria dizer isso, mas sinto falta delas.
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