quinta-feira, julho 30, 2009

Never been so easy or so slow*

* "You could make me cry if you don't know. Can't remember what I was thinking of you might be spoiling me too much, love, you're gonna make me lonesome when you go." Bob Dylan


Ele desembrulha todas essas histórias que eu não sei e numa gargalhada me espatifo no chão como se fosse azulejo, e ficam todos os pedaços sobre o tapete quentinho dessa casa que eu criei. Ele prepara a lareira, a sopa e a gente nunca pára de falar quando têm mantas sobre os joelhos. Eu folheio a pilha de revistas, ele beija meu umbigo e esquecemos até de beber conhaque e todos os licores coloridos. Ele me abraça do tamanho certo, e eu derreto pra todos as quinas das mãos, das pernas e dos ouvidos dele. E da boca, e é tão fácil que ele esquece de dormir, e eu também.

Desde que ele não está mais aqui, dou bom dia pras paredes e durmo de meias, esquento café pra um e invento esse final tristíssimo: a casa morre afogada de tanta chuva, me tranco no banheiro a estrangular flores, fico sem mais nem porquê à tarde. Investigo no espelho do closet e constato que sumiu da minha bochecha direita a marca tão efêmera quanto essa história de paixão desenfreada: uma mordida de mosquito.

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